Universidades que estão longe do topo do RUF lideram em alguns quesitos
Escolas privadas como Unip, Mackenzie e as PUCs de MG e de SP ocupam posições no top 10 do indicador de mercado
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Uma estudante que estivesse à procura de uma universidade onde cursar sua graduação poderia começar sua pesquisa com base na reputação "boca a boca" da instituição de ensino, em avaliações oficiais ou em classificações como a do Ranking Universitário Folha, o RUF.
A fama, a nota ou a classificação das instituições de ensino não seriam, porém, dados suficientes para a escolha de um curso específico (que pode ser ruim em uma em geral boa universidade) pela qualidade. Na síntese de uma nota ou de um ranking, se perde informação, necessariamente.
A síntese geral da pontuação do RUF apresenta um ranking que não destoa muito da classificação intuitiva de quem tenha algum envolvimento com ensino superior. Mas pode ser lido também com perguntas similares àquelas da estudante que escolhe seu curso.
Todas as instituições de ensino no, digamos, "top 10" do RUF são "top 10" em tudo? Há leituras interessantes e algumas surpresas.
O RUF geral soma as pontuações que cada escola teve em rankings específicos. As grandes categorias de avaliação são pesquisa (42% da nota total), ensino (32%), opinião do mercado (pesquisa com possíveis empregadores, 18%), inovação (4%) e internacionalização (4%). Várias dessas pontuações são somas de notas em outros quesitos.
Entre as "top 10" do ranking geral, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estão também no "top 10" de todas aquelas grandes categorias de avaliação.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) não está entre as 10 no quesito mercado. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) não está entre essas líderes no quesito internacionalização. A Universidade Federal do Paraná (UFPR) entra nos 10 mais apenas em "inovação"; a Federal de Pernambuco, apenas em "mercado".
Parece intuitivo que os desempenhos em pesquisa, ensino, inovação e internacionalização sejam um tanto correlacionados. Ainda assim. Na soma dos pontos de ensino e pesquisa, a Unesp é a 4ª colocada (6ª no ranking geral). A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) é a 6ª (12ª no geral). A Federal de São Carlos (Ufscar, de São Paulo) é a 9ª (11ª no geral).
Em 14º lugar no ranking geral, a Universidade Federal de Viçosa (MG) é a terceira em inovação. Nesse quesito, se leva em conta o número de patentes pedidas pela universidade e de estudos realizados em parceria com empresas.
Fora das dez líderes do RUF geral, mas também com destaque em inovação, estão a Federal do Pará (UFPA, 6ª em inovação e 29ª no geral), a PUC do Paraná (8ª em inovação, 24ª no geral) e a Federal do Espírito Santo (UFES, 10ª em inovação e 32ª no geral).
A USP é líder em pesquisa, mercado, inovação e internacionalização; é a 3ª em ensino, indicador liderado pela Unicamp. Das 10 líderes em pesquisa e das 10 em ensino, cinco são paulistas (as estaduais USP, Unicamp e Unesp e as federais Unifesp e UFSCar).
Efeitos de rede (várias boas universidades próximas), proximidade de centros de pesquisa, de empresas de ponta, massa crítica populacional e financiamento mais estável e significativo contribuem para explicar a posição dessas universidades paulistas.
Uma surpresa apenas para quem costuma olhar apenas para São Paulo ou Rio de Janeiro, a Universidade Federal de Santa Catarina é a 7ª do RUF geral e a 5ª se considerados apenas os pontos em ensino e pesquisa. Fica em 25º lugar na opinião do "mercado": isto é, segundo as preferências de contratação dos empregadores, segundo pesquisa Datafolha.
Pode ser que uma amostra com peso maior em outros estados influencie esse resultado. É o quesito "mercado" aquele que mais discrepa do resultado geral do topo do RUF. É o único em que aparecem quatro universidades privadas entre as dez primeiras.
A líder é a USP. Em segundo lugar, empatadas, vêm UFMG e Unip (privada, Universidade Paulista, de São Paulo, que fica em 78º lugar no ranking geral). Em quinto, vêm a Universidade Presbiteriana Mackenzie (38º no geral) e a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG, 62º no geral). Em nono, a PUC-SP (64º no geral).
Outras escolas privadas que aparecem em algum indicador das dez mais são a PUC Rio (7ª em internacionalização e 25ª no RUF geral) e a PUC do Paraná (8ª em inovação e 32ª no geral).
A proximidade no ranking por vezes não diz muito sobre a diferença de desempenho nos indicadores reais, convém notar também.
O indicador "pesquisa", por exemplo, é composto também pelo número de citações (de trabalhos científicos de integrantes da instituição) dividido pelo número de docentes. Na Unicamp, líder, são quase 54 citações por docente, perto dos 48 da USP, mas quase o dobro do número da sexta colocada e cinco vezes taxa da 25ª colocada nesse quesito.
A disparidade é assim tão grande também em um indicador como o número médio (por docente) de bolsistas de produtividade do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, instituição de fomento à pesquisa científica ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que concede aquelas bolsas para pesquisadores destacados).