A formação de parcerias com o setor corporativo e o intercâmbio com outros países rendeu à PUC-Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro) posição de destaque no RUF (Ranking Universitário Folha).
A instituição é a segunda colocada no ranking de universidades particulares deste ano e, na listagem geral, ocupa a 25ª posição.
Já no critério pesquisa em colaboração com empresas —fator calculado na equação do indicador de inovação, que também considera o número de patentes depositadas—, aparece em primeiro lugar.
Entre as particulares, a PUC-Rio é a melhor no quesito internacionalização (no geral, ocupa o sétimo lugar).
"As parcerias e a internacionalização estão numa fronteira que a gente deve fortalecer. Pretendemos exercitar ainda mais o diálogo com empresas e países e avançar na cooperação estratégica", afirma Gustavo Robichez, coordenador central de parcerias e inovação da instituição.
A universidade deve principalmente à Petrobras a liderança no ranking das instituições que mais desenvolvem pesquisa e inovação para o mercado. Da sua verba anual destinada a projetos do tipo, cerca de R$ 1 bilhão, quase metade, provém da companhia, segundo a PUC-Rio.
A estatal é uma das maiores fomentadoras de centros de pesquisa universitários do país. Isso porque a Lei do Petróleo (lei 9.478, de 1997) exige que as petroleiras repassem 1% da receita bruta com a produção de óleo e gás a projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). Para as áreas de pré-sal, o repasse varia de 0,5% a 1%.
No ano passado, o investimento obrigatório da Petrobras em PD&I foi de R$ 3 bilhões e, no primeiro semestre deste ano, de R$ 1 bilhão, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
A empresa possui 70 termos de cooperação firmados apenas com a PUC-Rio. Na soma dos últimos dez anos, são cerca de 220 parcerias tecnológicas direcionadas a diferentes áreas de atividade da companhia —da exploração de óleo e gás nas bacias sedimentares à produção de combustíveis.
"O sucesso e a longevidade dessa parceria são pautados na excelência do corpo técnico da PUC-Rio, na infraestrutura atualizada de seus laboratórios, em suas conexões com a indústria e demais atores do ecossistema de inovação e no pioneirismo em áreas como inteligência artificial", diz Luciano Felipe Carvalho, gerente geral do Cenpes (Centro de Pesquisa da Petrobras).
O vice-reitor de desenvolvimento da PUC-Rio, Marcelo Gattas, avalia que a petroleira funciona como uma ponte com a sociedade e provoca professores e alunos a expandir seus conhecimentos.
A conexão entre a petroleira e a universidade católica começou na década de 1980, quando a informática começava a ganhar relevância e refletir no resultado das empresas. Nesse contexto, um dos primeiros projetos foi o desenvolvimento de uma biblioteca virtual que ajudasse a companhia a avançar neste universo.
"Eles viram que seria necessário criar aplicativos de sistemas gráficos e visualização de dados científicos, o que gerou um espiral de mais projetos", conta Robichez, da PUC-Rio.
Na maior crise da história da companhia, em 2001, quando a plataforma P-36 afundou no litoral fluminense, a universidade foi contratada para simular modelos de reestabilização e verificar falhas de engenharia em outras embarcações.
Atualmente, o foco está na transição energética e na digitalização das operações. A perspectiva, segundo Robichez, é que um novo portfólio de parcerias seja firmado a partir do plano estratégico da Petrobras para os próximos cinco anos, que deve ser divulgado ainda neste mês.
Além da conexão com o setor corporativo, a escola se destaca no RUF pelos acordos de intercâmbio firmados com instituições acadêmicas do mundo todo.
A cada ano, a universidade recebe cerca de mil alunos estrangeiros, e outros 600 brasileiros viajam para estudar no exterior. Hoje, há mais de 350 convênios do tipo ativos.
O principal destino dos estudantes é a França. O país europeu tomou a liderança dos Estados Unidos durante o governo do ex-presidente Donald Trump, que reduziu o número de vagas para intercâmbio.
"Quando volta, o aluno que tem a oportunidade de passar um tempo fora do país é melhor reconhecido no mercado de trabalho", diz Ricardo Alencar, vice-diretor da Coordenação Central de Cooperação Internacional da PUC-Rio.
Como exemplos dos benefícios da experiência de intercâmbio, o vice-diretor cita o aprimoramento da capacidade linguística e das habilidades interpessoais.
Na visão de Alencar, China, Coreia do Sul, Índia e Japão devem ganhar relevância no contexto do intercâmbio nos próximos anos devido às novas frentes de negócios e à troca cultural com o Ocidente.
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