PUCRS, melhor universidade privada no RUF, busca integração com a sociedade

Universidade visa a prestação de serviços a partir do ensino e da pesquisa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Porto Alegre

Mãe de uma menina de 15 anos, Tatiane Bauermann, 43, achava que o sonho de entrar no ensino superior já havia ficado para trás.

Em agosto deste ano, porém, ela se tornou aluna do curso de administração da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), que em 2023 completa 75 anos. A chance veio por meio de um novo programa de ações afirmativas, o Raízes.

"Sabe quando eu conseguiria fazer um curso desses? Nem se tivesse uma bolsa de 50%. É gratificante quando te abrem essa porta. Vai além do financeiro, dá vontade de levar isso adiante e ajudar alguém", diz ela, que é moradora do bairro Mário Quintana, na periferia de Porto Alegre.

Vestida de macacão azul, aluna examina os dentes de paciente deitada em maca, sob luz de um refletor
Aluna atende no serviço-escola do curso de odontologia da PUCRS  - Giordano Toldo/Divulgação PUCRS

Direcionado a pessoas pretas, pardas e indígenas, o programa oferece uma bolsa integral por curso, válida por toda a graduação, e apoio voltado para as necessidades de cada aluno. O objetivo é garantir que o estudante se forme.

Entre os requisitos para concorrer estão ter uma renda familiar per capita de até um salário mínimo (R$ 1.320), viver na capital gaúcha e não ter diploma em curso superior. O programa conta com verba da própria PUCRS e iniciou com 13 estudantes selecionados. Para o próximo semestre, há outras 20 bolsas disponíveis.

Ações do tipo estão entre as apostas da universidade gaúcha, que lidera as privadas pelo quarto ano consecutivo no RUF (Ranking Universitário Folha). Impacto social, integração entre academia e sociedade e empreendedorismo são os focos principais da instituição hoje, segundo a reitoria.

"A universidade sempre soube ler algumas tendências, buscando uma forte relação com a sociedade. Isso faz com que a gente tenha um conjunto de projetos alinhado com o que é exigido no mercado de trabalho", afirma o vice-reitor, irmão Manuir José Mentges.

No ranking das instituições privadas de 2023, a PUCRS lidera em pesquisa, ocupa a terceira posição em ensino e em internacionalização e é a quarta em inovação. Ela também é a melhor nos cursos de medicina e comunicação social.

Entre os subindicadores, está em primeiro lugar em citações, publicações de docentes e número de professores com mestrado e doutorado, indicando uma produção científica internacionalizada. Segundo Mentges, a instituição possui há anos um escritório focado nas relações fora do Brasil.

Atual decano da Faculdade de Medicina, o médico Leonardo Pinto entrou na PUCRS em 2002 como residente do Hospital São Lucas, fez mestrado e, dois anos depois, partiu para um programa na Alemanha, onde ficou até 2007.

Ele avalia que, na área da saúde, estruturas como o hospital e o Instituto do Cérebro (InsCer), que prestam atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), permitem a integração entre alunos e professores por meio do ensino, pesquisa e prestação de serviços.

"Isso facilita muito a empregabilidade do aluno. Ele pode experienciar as diferentes pontas: o ensino, a pesquisa e a extensão a partir de atividades pautadas no desenvolvimento de produtos ou ações com impacto social", afirma Andrea Gonçalves Bandeira, professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida.

A instituição ainda ficou em sexto lugar no quesito mercado. O PUCRS Carreiras acumula cerca de 32 mil contratos de estágios em 6.700 empresas, como o da aluna de ciências da computação Gabriela Zorzo, 26, que trabalha como desenvolvedora há um ano.

Logo no início da graduação, ela participou do Apple Development Academy, uma colaboração entre o Instituto Eldorado e a Escola Politécnica da PUCRS voltada para o desenvolvimento de aplicativos do ecossistema Apple no parque tecnológico da universidade, o Tecnopuc.

Segundo Jorge Audy, superintendente de inovação e desenvolvimento da PUCRS e do Tecnopuc, o parque tem hoje em torno de 250 empresas instaladas, das quais 140 são startups, que atuam nas áreas da saúde e ciências da vida, informação e comunicação, indústria criativa e energia e recursos naturais.

De lá, saíram empresas como a Getnet, de soluções de tecnologia para pagamentos, adquirida pelo Santander, e a Aquiris, comprada recentemente pela Epic Games, uma das gigantes do ramo de games.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.