Universidades privadas de ponta dão bolsas para diversificar quadro de alunos

Divulgação/FGV
Predio da Fundacao Getulio Vargas Foto:FGV ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Predio da Fundaçã Getúlio Vargas, que dá bolsas para atrair alunos das classes mais baixas
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Pedro Berto, 26, cursava o quinto semestre do curso de contabilidade na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) quando sua família foi despejada da comunidade em que vivia, no Rio de Janeiro, devido a obras do Parque Olímpico, em 2014. Foi quando ele decidiu mudar para São Paulo e cursar administração pública na FGV-SP (Faculdade Getúlio Vargas).

No terceiro semestre, Berto recebe bolsa integral e outros auxílios, como alimentação e moradia. "Sem isso seria inviável", afirma. "Estudar em universidade de peso traz conforto para quem vem de outra realidade social."
Maycon Silva, 20, concorda. Bolsista do segundo semestre de administração de empresas da mesma instituição, ele saiu de uma comunidade pobre de São Gonçalo (RJ) e conta que amigos que foram estudar em universidades públicas têm mais gastos devido a problemas estruturais -como bibliotecas- e sofrem com atrasos no pagamento de auxílios.

O oferecimento de bolsas tem sido a estratégia de escolas de ponta como a FGV-SP (1º lugar em cursos privados em administração) e o Insper (4º lugar) para atrair talentos de classes mais baixas.

"Queremos que a questão financeira não seja um empecilho", afirma Renata Biselli, diretora de desenvolvimento institucional do Insper, cuja mensalidade sai, em média, R$ 4.230,00.

Atrair bons alunos de diferentes origens traz benefícios para a instituição. Para André Carvalho, vice-coordenador do curso de administração de empresas da FGV-SP, a base diversa torna a escola mais receptiva.

Para ter uma ideia, no curso de administração pública da FGV-SP, 3 em cada 10 alunos ingressantes em 2017 são oriundos da rede pública e têm bolsa integral. Há ainda bolsistas que vieram de escolas privadas.

Universidades de ponta em saúde também têm apostado na oferta de bolsas para promover a inclusão. O curso de medicina do Hospital Israelita Albert Einstein está em seu segundo ano e já tem 27% de alunos bolsistas. Dos 200 matriculados nas quatro primeiras turmas, 53 têm desconto total ou parcial na mensalidade de R$ 6.890,90.

De acordo com Felipe Spinelli, diretor de ensino da instituição, o Einstein tem caráter filantrópico, mas formar médicos com origens diversas é a principal motivação.

Editoria de arte/Folhapress

O Insper investiu recentemente na primeira moradia estudantil de uma escola privada no país. O prédio, localizado próximo à instituição, na zona sul de São Paulo, tem 51 vagas para bolsistas.

Karoline da Silva Correia, 24, está no 7º semestre de economia e é uma das responsáveis pela organização da moradia. Ela acaba de conquistar um estágio no Banco Safra. Primeira da família a ir para a universidade, ela já motivou o irmão, que também começou a estudar. "Esse tipo de oportunidade muda a vida do bolsista e de todos no seu entorno", celebra.

Em 2017, no Insper, 104 alunos de administração de empresas recebem algum tipo de bolsa -corresponde a 10% do total de matriculados. Na FGV-SP, o mesmo curso tem 14% de bolsistas, enquanto em administração pública 51% de alunos têm bolsa.

Os valores das bolsas estudantis saem de fundos mantidos pelas instituições. Os recursos captados têm origem em parte da receita das mensalidades, em devoluções de valores por alunos que foram bolsistas e em doações.

No ano passado, o fundo de bolsas do Insper contou com o valor recorde de R$ 4,6 milhões. "Nossa meta é arrecadar R$ 6 milhões neste ano", diz Renata Biselli. Segundo ela, o desempenho acadêmico dos alunos bolsistas é superior ao da média.

Para divulgar as bolsas –e os cursos– há uma aposta nos cursinhos pré-vestibulares que são voltados para alunos de baixa renda e tocados pelos próprios estudantes das faculdades.

Em 2015, um número recorde de alunos do cursinho da FGV-SP foi aprovado no vestibular da instituição, superando o número de bolsas disponíveis. Isso serviu de motivação para os próprios alunos captarem recursos para auxiliar na permanência desses estudantes.

Recentemente, alguns alunos de renda alta que recebem bolsa por mérito passaram a fazer doações regulares para a "adoção" de alunos sem recursos. O próximo passo será buscar patrocínio.

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