Localizada na floresta amazônica e no 154º lugar do RUF 2016, a Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará) tem um desafio institucional: garantir o ingresso e a manutenção dos povos da região entre seus alunos.
Criada em 2009, a universidade tem 6.591 estudantes, dos quais 95 são quilombolas e 240 são indígenas que falam, ao todo, 13 línguas.
Para facilitar a integração, quem dá aula na Ufopa é convidado a aprender nheengatu, uma das línguas mais comuns dos povos indígenas.
A maioria dos docentes –hoje são 384– vem de longe.
São frequentes os pedidos de redistribuição para lugares mais próximos dos familiares, segundo a reitora Raimunda Nonata. "Mas também são muitos que consideram relevante a atuação científica no coração da Amazônia."
Mais do que falta de recursos, a universidade, segundo a reitora, sofre com a falta de condições para implementar projetos com o que recebe.
Desde que foi criada, a Ufopa executou cerca de R$ 180 milhões em obras, veículos e equipamentos. Poderia ter investido quase o dobro. O dinheiro voltou aos cofres.
"Um dos grandes desafios das instituições de ensino superior do Norte é a carência de empresas especializadas em projetos e execução de obras no interior."
BARCO E AVIÃO
A universidade, com sede em Santarém, tem seis campi floresta adentro. Para ter uma ideia, não é possível chegar a boa parte deles por via terrestre. Os recursos mais usados são os barcos, que viajam pelas "estradas do Norte" (os rios), como diz a reitora. Dependendo da época do ano, porém, nem o barco resolve: é preciso avião.
"Já houve vezes em que ficamos sem contato telefônico, mas são dificuldades que vão sendo superadas."
Para Nonato, um dos maiores objetivos hoje é pós-graduar indígenas e quilombolas, para que sejam futuros professores e gestores. "Eles vão consolidar a Ufopa como uma universidade que representa a diversidade regional e nacional."