Universidades dos grandes grupos perdem posições na lista

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Beneficiados por uma ampliação de seus lucros no últimos anos, e envolvidos em um movimento de fusões, os grandes grupos educacionais de capital aberto não têm universidades colocadas entre as melhores do RUF 2016.

Das oito instituições de ensino ligadas aos conglomerados com ações na Bolsa, sete caíram no ranking de 2016. São quatro os gigantes educacionais com capital aberto: Anima, Estácio, Kroton e Ser.

Juntos, eles concentram 30% dos alunos do ensino superior privado do país (quando somadas todas as instituições dos grupos, não só as universidades citadas aqui).

Especialistas questionam se essa concentração é benéfica para a qualidade.

A única universidade entre as oito a melhorar a sua classificação foi a UNG (Universidade de Guarulhos), da Grande São Paulo. Ainda assim, ela fica fora do top 100.

Comprada em 2014 pelo grupo Ser, a instituição passou de 129ª para 127ª. Em 2014, antes da fusão, ela ocupava a 90ª posição.

A UNG foi a única a não sofrer queda no indicador de pesquisa. Nas outras universidades, a piora nesse quesito foi o que mais pesou para o desempenho negativo.

A mais bem colocada desse grupo é a Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, que está na 80ª posição. Mas ela também caiu: era a 77ª em 2015.

A paulista São Judas Tadeu teve queda pelo segundo ano, ficando em 136ª. A instituição é da Anima desde 2014.

As quatro universidades da Kroton perderam posições. A Uniderp (Universidade Anhanguera), do Mato Grosso do Sul, teve o maior descenso entre todas as particulares do país. Após cair 37 posições, ficou em 169ª. Piorou em pesquisa e ensino.

Unopar, Unic Pitágoras e Unian são as outras do grupo, todas com oscilações negativas. A Unian resultou da junção entre Uniban e UniABC, cujos dados foram agregados. No RUF, foi comparada com a Uniban, por ter o mesmo registro no MEC.

Maior grupo privado de ensino superior do país, com 1 milhão de alunos, a Kroton comprou a Estácio em julho. Falta a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), que avalia concentração de mercado.

O consultor em ensino superior Carlos Monteiro diz que os grupos atuam direcionados à educação de massa, com base em referenciais mínimos de qualidade. "As empresas se tornam maiores e acabam cobradas por não terem suas ilhas de excelência", diz. "Essas ilhas vão ser calcadas em universidades com a trilogia de ensino, pesquisa e extensão."

Para Wilson de Almeida, da Universidade Federal do ABC, a política de redução de despesas é o mais grave. "Na Bolsa, elas precisam de resultados no curtíssimo prazo, o que diverge da busca de qualidade na educação", diz.

De 2011 a 2015, a receita bruta dos grupos cresceu 328%. Já o gasto com docentes caiu de 40% para 37%, segundo estudo do professor Oscar Malvessi, da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Parte do lucro vem do programa de financiamento estudantil federal, o Fies. Até 2014, os grupos detinham 23% de todos os contratos do país. O Fies possibilitou a redução da inadimplência e o aumento das mensalidades.

OUTRO LADO

Kroton, Ser e Estácio afirmam que as instituições adquiridas melhoraram nas avaliações do MEC. E que estão ampliando os investimentos em tecnologia para alunos e professores.

A Estácio diz se orgulhar de "apresentar melhorias constantes" nos últimos anos. Para a Kroton, o desafio é um ensino "que garanta a empregabilidade."

Melhoria do corpo docente e modernização de laboratórios são ações elencadas pela Ser que permitiram avançar na qualidade. A Anima não respondeu.

GIGANTES DA EDUCAÇÃO - Universidades de grandes grupos educacionais

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