Universidade Federal do Mato Grosso sobe no RUF e entra no vermelho

Instituição reduz os gastos com pesquisas, transporte, luz e até limpeza

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Vinícius Barros
Cuiabá

O contingenciamento de gastos determinado pelo Ministério da Educação deixou a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em dificuldades financeiras e atingiu, especialmente, seus laboratórios e grupos de pesquisa.

A universidade informa que não há verba para construções de novos centros de pesquisa e está difícil a aquisição de equipamentos. A situação é agravada pelo corte de bolsas de iniciação científica, também determinado pelo governo federal como parte da redução de gastos.

Desde a primeira edição do RUF (de 2012), a UFMT subiu 18 posições: passou de 51º lugar no país para 33º (RUF 2019). A escola se destaca em avaliação do mercado (33º lugar) e ensino (39º lugar) —nesse último, ganhou uma casa em relação ao ano passado.

Biblioteca do campus de Cuiabá da Universidade Federal do Mato Grosso - Emanoele Daiane

"Não temos fornecimento de estrutura básica. As dificuldades para as pesquisas vão desde a falta de materiais de limpeza até de reagentes", conta a professora e pesquisadora Luciana Kimie, da área da ciência e tecnologia de alimentos da universidade.

"Muitas vezes temos que adquirir esses itens com recursos próprios ou não executar todas as atividades previstas no projeto", reclama.

A base de pesquisas do Pantanal da UFMT, que costuma receber estudiosos de todo o mundo, foi uma das unidades da universidade que ficou às escuras em julho, após corte de energia elétrica por atraso no pagamento da conta.

Em abril, a universidade mato-grossense teve R$ 34 milhões de seus recursos discricionários previstos para este ano bloqueados pelo MEC, o equivalente a 30% do total da verba. O corte foi aplicado a todas as instituições federais. 

Sem o dinheiro, a UFMT não conseguiu pagar a conta de luz de junho no valor de, aproximadamente, R$ 1,5 milhão, além de uma parcela de cerca de R$ 300 mil de uma dívida de R$ 5 milhões com a Energisa, concessionária de energia elétrica, referente a contas atrasadas. Ficou sete horas sem luz.

À época, a reitora da UFMT, Myrian Serra, foi criticada pelo ministro Abraham Weintraub pelo que chamou de má gestão. A reitora justificou que os gastos com energia triplicaram nos últimos cinco anos, em virtude da expansão da universidade. 

Procurada pela reportagem, Myrian alegou não ter horário disponível para entrevista. Ela tem evitado declarações públicas desde o episódio do corte de energia.

Para tentar equilibrar o orçamento, a universidade anunciou no mês passado medidas emergenciais de contenção de custos, como redução de gastos com transportes para pesquisa, diminuição de funcionários na limpeza de laboratórios e um plano de desligamento de energia.

As medidas poderão resultar em uma economia de até R$ 3,5 milhões, segundo estimativas da UFMT. 

A instituição deve receber ainda R$ 15,9 milhões de volta como parte do desbloqueio de de R$ 1,156 bilhão para universidades e institutos federais anunciados na segunda-feira passada (30) pelo MEC.
Não será o suficiente, segundo a instituição. 

A diretora de comunicação da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), Lélica Lacerda, afirma que a universidade vem atuando no vermelho nos últimos anos e será necessária a liberação de toda a verba esperada para que a instituição garanta seu funcionamento normal até o fim do ano. 

O MEC afirma que o restante do recurso contingenciado pode ser liberado até dezembro, a depender do volume da arrecadação do governo.

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