É impossível calcular quantos alunos desistem da faculdade no Brasil

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Um dos principais indicadores do ranking universitário nacional mais antigo do mundo, feito desde 1983 pelo jornal U.S.News, traz um dado que não há no Brasil: evasão dos estudantes.

Na lista norte-americana, esse indicador vale 22% da nota recebida pela universidade. Quanto menos alunos forem "perdidos" ao longo dos anos, mais pontos a instituição recebe. Os dados são coletados nas próprias escolas.

No Brasil, as instituições de ensino não compilam (ou não divulgam) seus dados de evasão –muito menos se debruçam sobre as causas da perda dos estudantes.

O RUF tentou processar essa informação a partir de um levantamento inédito do Inep-MEC (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, do Ministério da Educação) sobre a trajetória dos alunos de graduação de 2010 a 2015. Mas teve problemas.

Os dados mostram que, dos 2,5 milhões de alunos que entraram, em 2010, em graduações presenciais e a distância no país, 877,6 mil se formaram em 2015.

O que aconteceu com mais de 1,6 milhão de estudantes que não terminaram o curso no qual entraram? Não se sabe. Não dá para saber quantos mudaram de carreira –e para onde foram. Os dados também não informam o que aconteceu em cada graduação das cerca de 2.400 instituições do país.

Quando o RUF tentou fazer essa conta, descobriu falhas. Cursos que mudaram de nome no sistema do MEC, por exemplo, "sumiram" dos dados -e os alunos que entraram nessas graduações específicas foram contabilizados como desistentes.

Isso aconteceu com a FGV-SP. De 2010 a 2015, duas habilitações da graduação em administração (administração e administração pública) se tornaram cursos distintos.

Se o levantamento fosse considerado pelo RUF, no balanço final, a carreira de administração da FGV-SP teria 73% de evasão no período. De acordo com a universidade, o índice foi menor que 25%.

O RUF encontrou 1.276 graduações como características semelhantes. Há, ainda, 167 casos de cursos com evasão de 100% no primeiro ano. Em alguns desses casos, quem "desistiu" foi a instituição, como a Unip (Universidade Paulista).

De acordo com a universidade, alguns cursos oferecidos no vestibular podem não ter alunos suficientes para abrir turma. "Não havendo demanda, o aluno pode optar por outra graduação ou desistir", afirma a Unip, em nota.

Segundo o MEC, as universidades têm autonomia para fechar graduações que não têm alunos suficientes.

Os dados disponíveis não permitem uma análise aprofundada do que está acontecendo no ensino superior do país. Quais cursos têm maior desistência? Em quais instituições? E quais escolas conseguem, afinal, reter o aluno e formá-lo no tempo esperado?

Sem essas informações, o país faz políticas públicas com os olhos vendados.

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