Escola de Joinville salta casas no RUF com estudo sobre obesidade

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Desde 2005, todos os AVCs (acidentes vasculares cerebrais) que afetam moradores da cidade catarinense de Joinville têm sido registrados pelo neurologista Norberto Cabral, com a ajuda de três enfermeiras. Os 8.000 casos reunidos até agora chamaram a atenção de um consórcio internacional de pesquisadores, cujo objetivo era avaliar o impacto global da obesidade e do sobrepeso –fatores de risco por trás dos AVCs.

Com isso, Cabral, que é professor da Univille (Universidade da Região de Joinville), tornou-se um dos mais de 130 coautores de um grande raio-X da obesidade pelo mundo, publicado em agosto de 2014 na "Lancet".

O estudo, que acumula mais de 2.000 citações na literatura científica, foi o grande responsável por fazer a Univille subir 30 postos no indicador de pesquisa do Ranking Universitário Folha (da 117ª para a 87ª posição) e 25 posições no ranking geral (da 119ª para a 94ª colocação).

Editoria de arte/Folhapress

A quantidade de vezes que um artigo científico é citado por outros pesquisadores é uma das principais medidas de seu impacto -em tese, quanto mais influente a pesquisa, mais citações recebe.

"No nosso caso, tem sido importante a continuidade da coleta de dados ao longo desses anos, que foi possibilitada por uma lei municipal que ajuda a custear esse trabalho, e a colaboração internacional", disse Cabral à Folha.

"Graças a esses fatores, a gente consegue fazer um trabalho do tipo 'big data', que permite enxergar tendências populacionais num intervalo de tempo maior."

PRÓS E CONTRAS

Por outro lado, o fato de que 90% das citações a trabalhos da Univille tenham vindo apenas desse trabalho ilustra a dificuldade de universidades particulares do interior do país em consolidar atividades de pesquisa.

"Nossa instituição tem 52 anos, dos quais 20 como universidade", explica a reitora da Univille, Sandra Aparecida Furlan. "Somos uma universidade comunitária pública de direito privado, sem fins lucrativos, criada pelo município. Nossos programas de mestrado e doutorado são recentes, mas queremos ser uma unidade de pesquisa, não apenas de ensino."

Entre os esforços para isso, ela cita a destinação de 4% da receita líquida da Univille para fins de pesquisa. "Para nós também é mais difícil concorrer com universidades públicas em editais do CNPq, da Finep e da Fapesc [fundação estadual de apoio à pesquisa em Santa Catarina]."

Para o físico Osame Kinouchi Filho, coordenador do Laboratório de Divulgação Científica e Cientometria da USP de Ribeirão Preto, o uso de indicadores como número de citações por docente pode favorecer instituições com menos tradição em pesquisa, como a Univille.

"Em universidades maiores, a tendência é que esse número fique mais diluído quando você divide o total de citações pelo de pesquisadores", explica.

Na pesquisa assinada por Norberto Cabral há coautores da USP e da UFMG, mas o impacto das citações na posição das duas foi mais modesto.

Para Kinouchi Filho, uma maneira mais equilibrada de analisar a influência da pesquisa de uma instituição seria usar o índice h, que correlaciona número de artigos e número de citações –um pesquisador com índice h de 10, por exemplo, é aquele que publicou dez artigos com ao menos dez citações cada um.

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