Universidades federais criadas na última década têm usado uma rede de apoio própria como estratégia para obter recursos, fora dos critérios gerais adotados para a definição do orçamento.
Da proposta de união por meio de uma "rede para as novas universidades federais", criada em 2015, o grupo migrou para uma comissão da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Institutições Federais do Ensino Superior) que reúne dez representantes das autointituladas "novas" e "novíssimas" universidades -caso das quatro mais recentes, desde 2013.
Novatas, a maioria ainda mantém obras e não entra nos critérios usados para definição e divisão do orçamento das universidades.
Parte das demandas, assim, é negociada diretamente com o MEC. A restrição orçamentária, porém, coloca em risco o cronograma de finalização da infraestrutura, afirmam reitores.
"Estamos correndo contra o tempo. No ano que vem, não vamos ter onde colocar os alunos. Precisamos de espaço para mil alunos a mais, e não estamos conseguindo", diz Maurílio Meireles, reitor da Unifesspa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), uma das quatro "novíssimas" -as outras são a Ufob (Oeste da Bahia), Ufca (Cariri) e UFSB (Sul da Bahia).
Em meio à crise, contratos de manutenção elétrica e retirada de entulho foram paralisados, e obras em cerca de 15 mil metros quadrados para o próximo ano estão comprometidas, informa.
Situação semelhante ocorre na Ufopa (Universidade Federal do Oeste do Pará), que tem apenas 30% da infraestrutura física prevista já construída. "Se mantivermos para 2018 orçamento de apenas R$ 10 milhões, isso projeta a consolidação da nossa infraestrutura para dez anos. Deveríamos estar com isso consolidado daqui a dois ou no máximo quatro anos", diz a reitora Raimunda Monteiro.
Além do orçamento, outro pleito do grupo é o reconhecimento de novos modelos de ensino, afirma Klaus Capelle, reitor da UFABC (Universidade Federal do ABC) e ex-coordenador do grupo. A universidade foi uma das primeiras a ter bacharelados interdisciplinares, proposta que também foi adotada na UFSB.
"Vi que deveríamos nos unir, não só pela crise econômica, mas por esses novos projetos pedagógicos", afirma Capelle.
Em nota, o Ministério da Educação afirma que o orçamento do próximo ano está em tramitação no Congresso Nacional.
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