Cursos de exatas mudam para tentar conter saída de alunos

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Os cursos de exatas, responsáveis pela formação de engenheiros, de cientistas e de professores de ciências, perdem alunos enquanto se agrava a falta de profissionais dessas áreas no mercado.

No curso de física da UFMG, por exemplo, o 4º melhor do país no RUF 2016, 35% dos alunos desistem. E não é por falta de demanda: auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União), feita em 2013, apontou deficit de 10 mil professores de física para o ensino básico no país.

A graduação em matemática computacional da mesma universidade –que também ocupa o 4º lugar na carreira "matemática" no RUF 2016– tem evasão de 38%.

A falta de preparo para as matérias de matemática da graduação, como o cálculo diferencial e integral, leva a muitas reprovações. Isso desmotiva o aluno e, segundo professores, é um dos principais motivos do abandono.

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"A dificuldade com as matérias de exatas causa alta evasão logo nos dois primeiros anos do curso", conta Simone de Souza, presidente da Comissão de Graduação do ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação), da USP São Carlos.

O bacharelado em matemática aplicada e computação científica do ICMC –que lidera a carreira "matemática" no país–, perdeu 48% de seus alunos entre 2000 e 2015, segundo a instituição.

O curso de matemática da mesma universidade teve evasão de 38%.

Esses números estão acima da média de desistência na USP, se considerados todos os cursos, que é de 20%.

REAÇÃO

Souza afirma que a instituição adotou algumas estratégias e dados de 2015 mostram queda média na evasão de cerca de 15% no ICMC, que ainda oferece os cursos de ciências e engenharia da computação, estatística e sistemas de informação.

Uma das ações foi a inserção de disciplinas de direcionamento acadêmico no início da graduação. O objetivo é fazer com que os alunos conheçam o curso e o mercado de trabalho para conduzirem seu currículo com mais autonomia.

O instituto também promove palestras e visitas com alunos do ensino médio.

Luciano Antonio Digiampietri, professor do curso de sistemas de informação na USP Leste –3º do país na área de "computação"–, realizou, com outros docentes da instituição, um levantamento estatístico com mais de mil históricos de graduandos do curso para rastrear, por exemplo, as matérias de maior dificuldade e em que momento o abandono era mais comum.

"Mudanças simples, como fazer com que o aluno curse antes uma matéria que serve de suporte para outra mais difícil, já reduzem as reprovações", diz o professor.

Digiampietri estima queda de cerca de 20% na evasão desde que medidas foram adotadas há três anos.

A criação de competições de programação para alunos ingressantes foi outra maneira encontrada para conter as desistências. "Isso integra o estudante, tornando-o parte da universidade e diminui a chance de ele ir embora."

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