Líder brasileira nos principais rankings globais e latino-americanos de universidades como o THE (Times Higher Education) e o Ranking de Xangai, a USP, maior universidade brasileira, está reconstruindo suas contas depois de –talvez– a maior crise financeira de sua história.
Em 2013, o gasto da USP com salários chegou a 106% dos repasses do Estado (o limite legal é 75%) -as contas foram reprovadas por irregularidades pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Para manter a engrenagem funcionando, a universidade recorreu à sua poupança.
O atual reitor Marco Antonio Zago, que assumiu em 2014, diz que a USP até que respira bem, comparada a outras universidades, especialmente as federais.
"A situação orçamentária da USP, apesar de difícil, é uma das melhores do país. As três estaduais paulistas [USP, Unesp e Unicamp] são as únicas que têm de fato autonomia de gestão de recursos."
"Encontramos um problema de gestão dos recursos, em 2014, que está completamente superado." A USP, porém, deve fechar o ano com 97% do seu orçamento comprometido com o pessoal.
Figura bem vista no meio acadêmico, Zago agiu com mãos de ferro: congelou contratações e obras e fez um plano de demissão voluntária.
Para o ex-reitor da USP José Goldemberg, hoje presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo), a universidade conseguiu consolidar uma estrutura que lhe garantiu enfrentar a crise. "Com todos os problemas que tem enfrentado, a qualidade da atividade científica não tem caído", diz.
É a USP que lidera o indicador que avalia a qualidade da pesquisa científica das universidades no RUF, seguida da Unicamp e da UFRJ.
Está em 8º lugar, no entanto, no indicador de ensino que, dentre outros componentes, baseia-se na nota das universidades no Enade. Como não faz a prova oficial do MEC, considerada pelo RUF desde 2013, a USP zera nesse ponto.
A universidade paulista melhorou só 0,09 ponto em relação a 2015. A UFRJ subiu 0,72 ponto -conquistados especialmente no indicador que avalia o ensino no RUF.
Se tirasse a nota média (2,51 pontos) no Enade, a USP voltaria ao 1º lugar.
A USP também perdeu a liderança nos rankings de cursos do RUF. Ocupa o 1º lugar em nove carreiras, como jornalismo e relações internacionais –contra 29 em 2015.
A pontuação da USP nos cursos tem se mantido estável, enquanto as outras melhoram. Em medicina, por exemplo, a USP mantém os pontos de 2015; já a Unifesp sobe em um dos indicadores (ensino) de 19,44 para 34,22 pontos e assume a liderança.
Já em engenharia mecânica, em que a Unicamp sobe do 3º para 1º lugar, a USP, que era líder em 2015, perde 0,03 ponto em ensino, enquanto a Unicamp melhora 3,91.
USP EM NÚMEROS
59.081 alunos de graduação
300 cursos de graduação
6.090 professores
17.199 funcionários
R$ 6 milhões : gasto mensal com salários acima do permitido em 2015