ANÁLISE: A escola particular se fortalece, a pública agoniza

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A atual crise universitária nos faz considerar o que, dos resultados do RUF, podemos prever para o futuro próximo.

O RUF deste ano ranqueou 192 universidades: 95 privadas e 97 públicas. A primeira consideração tem a ver com os recursos captados para pesquisa junto a agências de fomento federais (CNPq e Capes) e fundações de amparo à pesquisa estaduais (FAPs).

No ranking deste ano, que tem como base os dados de 2013, vimos que as universidades arrecadaram mais de R$ 4 bilhões para pesquisa.

Desse total, 8,1% couberam às particulares. Parece pouco, mas é importante destacar que, desde a primeira edição do RUF, em 2012, com dados de 2010, o total arrecadado para pesquisa por essas universidades cresceu 92%, ante 42% nas públicas.

Do total de publicações científicas, 8,3% cabem às universidades privadas, sendo que 30 delas são responsáveis por 71% dos trabalhos acadêmicos contabilizados nesta edição do RUF (ou 7.466 artigos científicos). Não resta dúvida de que tem havido aumento significativo na performance das particulares.

Já o prestígio das instituições públicas não pode ser generalizado: apenas uma elite de cerca de 20 delas se destaca com ao menos uma publicação por docente no período de dois anos.

Grande parte das demais são universidades criadas nos anos mais recentes e atuam de forma precária, do ponto de vista de condições materiais e de qualificação do corpo docente.

Nos tempos mais recentes a qualificação das públicas tende a se deteriorar, com greves prolongadas e fragilidade financeira.

É muito provável que estejamos caminhando para situação similar àquela que nos anos 1960-1970 ocorreu com os colégios públicos, que passaram de escolas de elite a instituições pobres estruturalmente e desprovidas de corpo docente qualificado.

Nos próximos anos, é provável que as famílias de classe média e alta procurem universidades ou outras instituições de curso superior com corpo docente bem qualificados e bem pago e infraestruturas de qualidade. É ainda provável que a maioria destas instituições seja privada.

A partir dos resultados do ranking é de se esperar que algumas destas instituições procurem ter parte do corpo docente que se dedica à pesquisa (os recursos são públicos e essa atividade pode trazer prestígio à instituição).

Outras vão se dedicar apenas ao ensino, buscando um corpo docente de qualidade.

Universidade sem pesquisa científica seria criação brasileira, já que não existe em nenhum outro lugar. O MEC, por sua vez, teria que desqualificá-las como tais ou criar nova nomenclatura, como a de "universidade de ensino".

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